sexta-feira, 25 de agosto de 2023

Bardos e o poder da palavra

Saudações, guerreiro da Luz

Nenhuma classe de aventureiro enfrenta o dilema da versatilidade tanto quanto um bardo, pois aquilo que é sua maior força se torna também sua maior fraqueza. curiosamente, o mesmo pode ser dito sobre as palavras que saem de sua boca.

Em "Histórias de Taverna", vocês foram apresentados ao bardo Jake Evermore, um aventureiro que contribuiu de forma decisiva para a queda de um poderoso lorde Rakshasa em Elgalor. Mas essa jornada, que pretendo contar um dia, foi repleta de perigos, desafios e aprendizado. 

Em certa ocasião, após ter provocado de forma tola a ira de um Cavaleiro Rakshasa, Jake Evermore foi brutalmente assassinado pela criatura*. Buscando uma maneira de trazer o bardo de volta ao mundo dos vivos, o grupo de Jake realizou uma perigosa missão a pedido de um velho dragão de prata, que como agradecimento, ressuscitou o bardo.

Para que sua tragédia não caísse no esquecimento, Jake Evermore criou uma canção, narrando a contenda “exatamente como ela ocorreu”. 


O malvado Rakshasa

Por Jake Evermore

"Em um templo escondido nas florestas mais além
Um homem destemido trás a lei a ordem e o bem
Numa busca por pequeninos no qual Nerull já diz que têm
Um duelo banha a terra com o sangue do mal e do bem

O demônio que também galopa
É guardião que agora jaz
E o herói cujo mal exorta
Um recado para o dono trás
Suma vilão imundo!!!
Ou no inferno tu vagarás

O bravo herói do campo torna
Com orgulho em seu coração
Com corpo fraco e pés doendo
Mas completado sua missão
O que vêm agora é um bom vinho
E um sono longo e sem previsão

(Solo bandolim)

Mal sabe nosso herói de seu triste destino
Pois seu vilão vem de muito além
Um tigre branco e com pelo albino
Mãos invertidas do inferno ele vêm
Um Rakshasa que está sedento
Pelo sangue do que busca o bem

O sol nasce para revelar
Uma cena de mal indizível
Sangue e membros por todo lugar
E um grande herói com um final terrível"

* Durante uma missão, o grupo de Jake precisou encontrar um item mágico poderoso, escondido no coração de uma montanha. Na ocasião, ao chegar à base da montanha, encontraram um corcel demoníaco, que observando os símbolos na sela, perceberam ser a montaria de um dos cavaleiros Rakshasa. Decidiram abater a criatura, para que, na pior das hipóteses, prejudicassem severamente a capacidade de deslocamento do cavaleiro caso não o encontrassem ou fossem derrotados por eles. Após de derrotar a montaria, Jake Evermore escreveu um pequeno poema satírico e enfiou na boca do animal, como forma de caçoar o cavaleiro Rakshasa. O grupo protestou, e exigiu que se ele fosse fazer algo tão estúpido, que retirasse do poema seus nomes, incluindo o do próprio bardo. Muito a contragosto, Evermore aceitou e rasgou a parte do pergaminho com o nome de todos, mantendo apenas a sátira e as ofensas. No fim, o grupo não encontrou o cavaleiro nem o item que buscavam, mas derrotaram um grande mal que estava despertando no coração da montanha. Exaustos e feridos, retornaram para a cidade mais próxima no intuito de descansar e se recuperar. Infelizmente, quando deixou a montanha, o cavaleiro Rakshasa encontrou o bilhete de Evermore na boca de seu corcel abatido. Como os Rakshasas haviam firmado parceira com algumas cabalas de bruxas (fato que o grupo estava ciente), o cavaleiro buscou uma delas. Com uma magia de adivinhação, a bruxa descobriu quem escreveu o poema. Com mais uma, descobriu onde tal pessoa estava. Assim, dias depois, pouco antes do grupo deixar a cidade onde estava, o cavaleiro Rakshasa entrou sorrateiramente no quarto onde Evermore dormia com uma mulher durante a noite. Ele colocou a mulher sob efeito de uma magia de sono para que não gritasse, e acordou Jake, imobilizando o bardo. O cavaleiro Rakshasa releu o poema e enfiou o mesmo na boca do bardo, e em seguida, rasgou a garganta dele com suas garras.

6 comentários:

  1. Muito interessante a história desse aldaz bardo. Bastante inspiradora e instrutiva a forma como a vingança do vilão chegou a ele. Engraçado como é fácil esquecer que ações possuem consequências.

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    1. Sim, Jake Evermore era bastante audaz, de fato. Interessante que depois desse episódio, ele foi apelidado pelo grupo de Jake "Nevermore". O Jogador que o criou e interpretou tem como marca registrada ofender os vilões das campanhas de formas inusitadas, e a cada 10 vezes, ele consegue lidar relativamente bem com as consequências. Esta foi uma das vezes em que isso não aconteceu... Rakshasas são extremamente meticulosos e inteligentes. A chance de alguém escapar depois de uma ofensa dessas era microscópica...

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  2. Eu vejo que Bahamut ou Tiamat (talvez os dois), enviaram kobolds para roubar um comentário meu como retaliação por revelar a verdade sobre o “querido Terence”! Mas dessa vez os deuses-dragões falharam, pois o glorioso senhor Tzeentch me concedeu uma ferramenta para eternizar minhas palavras (word) e repostar elas novamente! Vocês perderam, kobolds, perderam! HAHAHAHAHAHAHAHA

    Vejo que Jake apenas sofreu as consequências de seus atos, afinal, ele matou um pobre “animalzinho inocente” e o rakasha “pai de pet” fez o que todo ativista vegano faz numa situação dessas. Que é esperar a pessoa ficar completamente indefesa para atacar das sombras, HAHAHAHAHAHAHAHA

    (Você foi bem piedoso se comparado eu meu irmão e o Thiago, porque se fosse eles mestrando, eu tenho certeza raptaria o bardo, e a mulher, para fazer um ritual para impedir a ressurreição deles, os levaria vivos para Baator, ou mataria ambos com alguma arma que rouba almas. A criatividade dos dois para “vingança” é incrível, hahahahaha

    O pior que várias vezes a gente aqui já fez burradas assim. A mais engraçada foi quando a gente matou um dragão vermelho adolescente (acho que era isso), que era uma cria do dragão ancião Arglandhur. A gente levou o corpo do bicho pra uma cidade e começamos a fazer uma festa, mas o Sir Kalvand, paladino do Carlos, começou a fazer bravatas que o reino de Velunia estava a salvo das depredações dos vermes alados e que ele mesmo iria arrancar o coração de Arglandhur, e pagou um bom dinheiro para os bardos cantarem canções sobre isso pelo reino. Os personagens ficaram uma semana na cidade pra se recuperar e contabilizar o tesouro, então o próprio dragão ancião apareceu e começou a destruir tudo. O bicho massacrou praticamente o grupo inteiro, só sobrando a Trissa, a ladina hobbit da Júlia, e o Ulfred, meu ranger humano, e só foi porque a hobbit se fez de morta e meu personagem ficou inconsciente. Mas destino do Kalvand foi pior, porque ele foi imobilizado vendo o Arglandhur matar todo mundo, pilhar a cidade (e nosso tesouro) e no final, o dragão matou o paladino com uma magia que aprisionava a alma do personagem no próprio coração e então ele arrancou o órgão para comer. Não preciso dizer que não conseguimos reviver o paladino e nem boa parte do grupo, hahahahahahaha

    Eu lembro quando estávamos fazendo à campanha “Slavers”, o Mormund usava o nome de errante, que é Valghir, (que os anões usam quando viajam entre as outras raças para não envergonhar o clã e também não precisar mentir) pra se infiltrar nas cidades de Pomarj e conseguir informações sobre os “Lordes Escravocratas” e sobre os escravos capturados. Isso era justamente para evitar que o grupo sofresse retaliações. Era engraçado porque o “Valghir” fingia ser um mercador que queria vender escravas (as personagens do grupo) para entrar nos fortes dos escravocratas, mas ele ocultava a parte que eles iriam soltar elas, bater nos vilões e libertar todo mundo nesses locais. Dessa forma o Mormund não mentia, apenas falava meia-verdade, igual aquela cena em que os guardas do palácio do Theoden pedem para entregarem as armas e o Gandalf pede para ficar com seu “cajado de apoio”. O interessante que eu criei o Mormund para ser um conselheiro e um personagem de apoio, estilo o Gandalf, pelo fato que hoje em dia se perdeu a imagem a imagem do sábio conselheiro que eles tinham antes e que agora a mídia retrata como mulherengos irresponsáveis.

    Uma curiosidade sobre a mesa em que eu jogo é que a palavra “rakhasha” se refere aos diabos de Baator para os “hindianos” (o equivalente dos indianos do nosso cenário). Tanto que os rakasha são um tipo de diabo também.

    Eu vi que o “bug” voltou, mas dessa vez eu salvei os comentários no word e vou repostar. Também salve os posts e comentários para poder repostar eles depois caso o “bug” continue.)

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    1. Pensei que levaria mais tempo para que os Skaven (ou Kobolds) encontrassem esse local. Diante disso, realizarei os backups com mais frequência. Seus servos não devorarão mais um mundo, demônio!

      (Hahaha, dá para visualizar com muita clareza que esse paladino não volta nunca mais. Ótimas histórias. Sir Kalvand mostrou que não são apenas os bardos que podem morrer por conta do tamanho da língua. E realmente, seu irmão e Thiago são bem menos misericordiosos do que eu. Mostrarei essa história que compartilhou assim que meu cunhado ou alguém do meu antigo grupo vier reclamar que eu sou muito rígido em relação a consequências das ações deles. Interessante que nessa história, e em algumas que eu também mestrei, o grupo inteiro acaba pagando pela ação impensada de um dos jogadores. Mas apesar das tragédias, são essas histórias que depois rendem as melhores lembranças e maiores risadas. Algo que um RPG de videogame dificilmente consegue alcançar. Em relação a Mormund, digo sem exagero que ele é disparado um dos meus personagens favoritos que conheci na blogosfera. Muito interessante a forma como abordaram a honra do anão e a preocupação com a imagem do clã. Essa riqueza de detalhes e histórias é o que torna o RPG algo tão especial.

      Em Elgalor os Rakshasa são retratados também como uma casta de diabos, e são vilões que particularmente gosto de usar de tempos em tempos porque possuem um potencial muito grande.

      Sobre os comentários, eu não havia percebido ainda, mas é revoltante. Precisarei aceitar que se estamos na internet indo contra a maré, isso será uma constante. Mas dessa vez, deixarei tudo o que escrever salvo em outro local.

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  3. Vejo que os senhores têm experiencias catastróficas com esses ditos mestres da intolerância e do politicamente correto! O senhor dos Sonhos apesar de misericordioso aos erros alheios não é só flores e vez ou outra solta seus pesadelos...

    Contratos de sangue, praga-ratos, dragões verdes escravocratas, verme minhoca colossal com chilique de se coçar nas horas mais inoportunas são exemplos clássicos que O rei Chifrudo conseguiu em sua malicia defecar sua semente do caos em seus sonhos.

    Todavia, o ato mais maligno que vivenciei nos tempos em que o Sonhonalta era um “virgem” dos jogos de mesa e se contentava com ser um player, foi a quebra do Código de Imparcialidade do Mestre, que por tudo e todos nos queria punir por tentar (e teoricamente ter tido sucesso) em destruir uma das principais sedes da guilda a qual o mesmo tinha muito amor.

    O mesmo nunca havia considerado tal façanha / ousadia, e mesmo colocando as barreiras mais ilógicas possíveis frente ao cenário e as regras do sistema, o mesmo saiu derrotado, e em sua fúria após conseguirmos fugir do local de embate, decidiu por abruptamente finalizar a sessão e que todos os membros da parry morreram antes...

    Esse evento se não me engano foi o precursor / abertura para o Sonhonalta tomar a frente e mestrar nossa mesa.

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    1. Sim, sábio Pailong, tenho experiências desagradáveis com os servos "tolerantes" e "defensores da liberdade" do Senhor do "Amor"... Mas em um mundo como o nosso, tristemente não há como tentar passar algo bom sem entrar em conflito com tais criaturas. Faz parte da vida, em todos os seus âmbitos.

      Lamentável essa história que contou, e já presenciei algo assim quando comecei a jogar, décadas atrás. O mestre na ocasião, enfurecido com o sucesso dos jogadores, abriu magicamente um portal por onde saiu um Tarrasque que dizimou o grupo. Isso acabou sendo um dos precursores para eu passar na época a atuar como "segundo mestre da mesa", mesmo tendo começado a jogar a menos de seis meses. É importante que o mestre saiba separar as coisas e que seu objetivo é contar uma história, e não derrotar os jogadores. Infelizmente, nem todos conseguem fazer isso...

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