Saudações, guerreiros da Luz.
O arqui-feiticeiro Artanis é um dos poucos personagens épicos do mundo de Elgalor, e talvez o mais poderoso conjurador arcano mortal do mundo.
Contudo, Artanis começou como um mero feiticeiro iniciante (personagem de 1º nível), discriminado em sua sociedade e odiado (justificadamente) por muitos de seus companheiros. Por meio de uma mistura de feitos nobres, questionáveis e hediondos, Artanis adquiriu grande poder, que usaria para tentar atingir seu maior objetivo: Libertar os mortais do "julgo opressor" dos deuses.
Para tanto, Artanis reuniu uma poderosa Cabala conhecida como a Irmandade da Lua Negra, que visa erradicar a influência dos deuses no mundo dos mortais.
No início de sua jornada, Artanis tinha o hábito de manter um diário, como forma de organizar seus pensamentos e garantir que sua sanidade não se perdesse. Como o passar dos anos, abandonou o hábito por razões desconhecidas, e destruiu as "evidências" de seu passado por receio de que um de seus muitos inimigos pudesse utilizar contra ele. Quando soube que alguém estava estudando anotações antigas que de alguma forma não foram destruídas, Artanis imediatamente enviou agentes para destruir os registros e punir seus supostos inimigos. A história que lerão abaixo foi compilada pelo bardo Arnelis Harpa de Prata, e corresponde ao início do antigo diário que o próprio Artanis mantinha (a história não foi escrita por mim, mas pelo jogador que criou Artanis).
"... Meu nome é Artanis. Antes de tudo terminar, este nome nunca será esquecido. Mas, no início, eu não era ninguém. Na verdade, eu era menos que ninguém, menosprezado, incompreendido, e abandonado. Por isso é importante que eu compartilhe minha história, meu legado, minha lenda, para que todos saibam que “um ninguém” conseguiu abater os poderes do céu e devolver aos homens o que pertence a eles por direito de herança: o Poder.
Há muito tempo atrás, em uma pequena vila, agora esquecida, um simples camponês e sua esposa tiveram seu primeiro filho. Nada de incomum nisto. Eles regozijaram ao verem sua família crescer, principalmente pelo novo membro ser um menino, capaz de ajudar no trabalho de campo. Nada de incomum nisto.
Esta história aconteceu tanto tempo atrás que ninguém se lembra do verdadeiro nome do nosso pequeno Artanis, nem de sua vila, nem de nenhum dos moradores. É claro que, além do tempo, o próprio Artanis se encarregou de eliminar aqueles que porventura descobriram se lembrassem ou descobrissem disto. Nomes são muito perigosos nas mãos de estranhos.
A vida seguiu seu curso normal, acordar, comer, trabalhar, dormir. O menino crescia bem, talvez menos do que esperado, mas ainda seria útil no trabalho de guiar o arado, ordenhar as vacas, caçar alguns animais silvestres. Nada de incomum nisto. E, como planejado, ao redor dos 10 anos o menino começou a ajudar seu pai. Até os 15 anos sua vida era feita apenas de trabalho rural, daquelas rotinas que soterram os sonhas das pessoas pouco a pouco, sem que elas percebam. Rotinas que entorpecem a mente, dominam o espírito e cansam o corpo. Rotinas que nunca acabam, mas que só tendem a crescer, como um câncer que suga as forças silenciosamente. Nada de incomum nisto.
Mas, apesar de toda esta existência comum, coisas incomuns aconteciam com freqüência cada vez maior perto da casa desta simples família. A princípio eram acontecimentos pequenos: pequenos objetos deixados fora do lugar, barulhos estranhos à noite, alguns brilhos repentinos inexplicáveis. Mas com o passar do tempo, coisas mais incomuns ocorriam, eventos tão incomuns que chegavam a assustar não só a família, mas toda a comunidade.
Assim, quando o jovem rapaz atingiu 15 anos, a vila inteira estava convencida que havia algo sobrenatural sobre a nossa pequena família que antes havia sido tão comum. Quando os pais de Artanis trouxeram um gato para a casa (naquele tempo era crença popular que os gatos afastavam maus espíritos, por existirem tanto no mundo real como no mundo dos espíritos), naquela noite ele misteriosamente sofreu uma combustão espontânea e morreu incinerado. E o mais curioso é que coisas assim ocorriam justamente quando o jovem Artanis estava por perto. Logo, não demorou até que ele fosse acusado destas coisas horríveis.
Assim, estas e outras fofocas, algumas verdadeiras (a minoria), algumas exageradas e outras muito subestimadas, levaram o povo daquela pequena vila (inclusive e, principalmente, o clérigo local) a entregarem um ultimato aos pais de Artanis: ou expulsavam seu filho da vila, ou a família inteira teria de partir.
Não é difícil imaginar o que os pais de Artanis fizeram, visto que eles estavam tão assustados quanto as outras pessoas. Logo, com apenas uma pequena trouxa de pano com alguns itens pessoais, um cajado de caminhar, uma pequena refeição, muitas lágrimas nos olhos e muito mais ódio no coração, Artanis iniciou seu longo exílio da vila que havia servido como sua casa por tantos anos. Abandonado, traído, sozinho.
É claro que todos, ou quase todos, os acontecimentos estranhos foram realmente causados pelo jovem exilado. Mas, foram realmente involuntários, frutos de um incipiente poder mágico, dom que apenas alguns recebem. Apenas os dignos de controlarem tão vasto poder.
A vida no ermo castigou o corpo de Artanis, aquele receptáculo que contém nossa verdadeira essência. Mas serviu para fortalecer seu espírito. Agora, ele só pensava em vingança e sua mente estava cheia de ódio. No entanto, uma mente adolescente cheia de ódio e habilidades mágicas não controladas são uma combinação tão explosiva quanto fogo e pólvora. E provavelmente foi isto que salvou a vida deste rebelde sem causa.
Ao vagar pelo ermo, as explosões ocasionais de pura energia mágica chamaram a atenção de um feiticeiro velho e experiente que vivia em sua torre, isolado por escolha do mundo. O feiticeiro chamado Ragnor observou Artanis de sua torre através de suas habilidades mágicas. Ele logo percebeu o talento do jovem para as artes mágicas e decidiu toma-lo como aprendiz. Não demorou até que o jovem carente de atenção fosse convencido por Ragnor a se tornar seu aprendiz. Assim, Artanis desapareceu por quatro anos, somente saindo da torre após terminar seu aprendizado..."