Os mais velhos aqui se recordam
que antigamente, nos anos do AD&D, apenas humanos e meio-elfos podiam ser
bardos. Apesar de ter grande respeito pelas tradições e ser um ferrenho
defensor da ideia de que devemos adicionar limites e restrições no RPG para
termos uma boa experiência, essa restrição em particular sempre me pareceu
estranha porque em tese, todas as raças possuem tradições ricas em música e
história, e portanto, todas de algum modo deveriam ter bardos renomados.
A restrição foi removida em
D&D 3ª Edição, de modo que dali em diante, todas as raças poderiam ter bardos,
mesmo que algumas fossem mais aptas a isso do que outras. No caso dos anões,
sempre achei uma classe com grande potencial por conta das características
culturais da raça. Anões são excelentes historiadores e exploradores e possuem
um amor quase fanático por suas heranças e tradições. Além disso, mantêm uma
forte cultura militar e pouquíssimos conjuradores arcanos, de modo que “bardos
da guerra” (escaldos) anões também são uma figura que faz muito sentido.
No entanto, a concepção do bardo
em D&D 3ª Edição foi focada no aspecto mais característico da classe: O
músico galanteador, o espião com língua afiada e o artista que aprecia
fortemente sua liberdade. Não há nada de errado nesse estereótipo, mas ele
definitivamente não se enquadra bem no arquétipo de um bardo anão. Por essa
razão, fiz algumas modificações leves para a inserção de bardos anões em
Elgalor que fizessem sentido, levando em consideração as seguintes premissas:
- Anões gostam de cantar sobre
suas lendas antigas e batalhas. Essas canções podem ser alegres e estimulantes,
ou épicas e reflexivas, abordando diferentes facetas da cultura da raça.
- Anões sentem forte necessidade
de registrar sua história e passa-la às novas gerações.
- Anões apreciam belas obras de
arte (escritas, esculpidas ou desenhadas) contanto que atendam a seus altos
padrões de qualidade e predileções.
- Anões vivem a arte da guerra de
forma que ela involuntariamente molda muitos aspectos de sua vida, valores e
sociedades. Assim, um bardo anão deve ser capaz de acompanhar um guerreiro em
combate, assim como os clérigos da raça o fazem.
Tendo isso em mente, e com o objetivo de ter uma adequação o mais simples possível, chegamos ao seguinte:
BARDOS ANÕES EM D&D 3.5
- Podem ter tendência Leal
- Dado de Vida: d8
- Pontos de Perícia por nível: 4+ modificador de Inteligência (anões
são mais conhecidos como grandes especialistas do que grandes generalistas)
- Bases de Resistências Altas: Fortitude e Vontade
- Proficiência com Armas e Armaduras: O bardo anão é proficiente com todos
os tipos de martelos, picaretas e machados. Ele recebe proficiência também com
Armaduras Médias, podendo conjurar magias arcanas as utilizando sem sofrer
penalidade de falha arcana.
- Habilidade Especial: Benção do Deus da Guerra*: No 1º nível, o bardo recebe o poder concedido e magias adicionais do Domínio da Guerra, assim como um clérigo que sirva um deus que possui esse domínio. No entanto, o bardo anão recebe as magias conhecidas apenas até o 6º nível de magias.
* Nas descrições de Clangeddin Silverbeard, o deus da guerra dos anões, há muitas menções ao fato dele gostar de entoar canções de batalha enquanto luta. Isso evidentemente não o torna um bardo, mas reforça a ideia de que é uma forte inspiração para os escaldos da raça
BARDOS ANÕES EM D&D 5
Em D&D 5e, os bardos anões quase
sempre escolhem o caminho do Escaldo (Colégio do Valor). Como a classe nessa
edição é bem mais poderosa do que na anterior, são necessárias menos
modificações:
- Resistências: Constituição e Carisma.
- Perícias: O bardo anão estolhe 2 (não 3) perícias de classe.
- Proficiência com Armaduras: Armaduras leves e escudos
Colégio do Valor
- Benção do Deus da Guerra: No 3º nível, quando o bardo anão usa a ação de ataque, ele pode utilizar sua ação bônus para desferir um ataque adicional. Ele pode usar essa habilidade um número de vezes igual a seu modificador de Carisma, e recupera todos os usos perdidos após um descanso longo. Além disso, pode escolher como Magias de Bardo as magias adicionais concedidas pelo Domínio da Guerra.
Os anões não precisam de bardos e nem cronistas, já que estão a ponto de serem aniquilados, junto de seu maldito reino Darakar, pela gloriosa aliança de raças “incompreendidas” como drows, orcs, skaven, dwur-ghar, e todas as aberrações do mundo inferior. Se bem que talvez algumas anãs sortudas possam ser capturadas para servirem de consortes para os guerreiros cinzentos e os filhos dos bons anões poderão sobreviver, por um tempo, como escravos na poderosa indústria da fortaleza negra de “Gharr-Naggrund”. No fim, o “amor” vencerá e a história dos anões será reescrita da mesma forma que a dos elfos foi. Sem falar que irão tapar o maldito Sol e todos os horrores do subsolo poderão caminhar pela superfície impunemente! HAHAHAHAHAHAHAHA
ResponderExcluir(Ficou boa as regras, mas rende mais usar o bardo do Monte Cook por ter mais personalidade e poder se defender em uma luta corpo a corpo, mas o melhor mesmo é que as canções mágicas deles não são nem magia divina e nem arcana, lembrando mais os Greybeards de Skyrim. As diferenças que o meu irmão e o Thiago fizeram nele foram mínimas. Tiraram as restrições de tendência, deram o dado de vida D8, colocaram a habilidade de conhecimento de bardo do Pathfinder, usar armaduras média sem penalidade e uns talentos adicionais. Quantos as armas, eles removeram dos anões o “machado de guerra anão”, mas deram familiaridade com machado de batalha, martelo de guerra e picareta pesada para raça. Era engraçado, porque os elfos recebem arcos e espadas, mas os anões, que vivem minerando, quebrando pedras, forjando coisas e treinando pra batalha, não teriam proficiência?
http://dnd.etherealspheres.com/eBooks/DnD_3.5/core/Complete.Book.of.Eldritch.Might.pdf
Não é uma boa ideia adaptar cada classe para cada raça, porque dá um baita trabalho e no fim vira uma bola de neve. Eu lembro que meu irmão e o Thiago praticamente desistiram dos “poderes de patrono” que os deuses davam pros paladinos justamente por isso.
O engraçado é que o Mormund era quase indistinguível de outros anões por sempre estar com um machado, cota de malha e capacete. O que mostrava que ele era um pouco diferente é que ele levava um alaúde para todo lado. E ninguém acreditava que ele era um bardo até verem ele explodir uns goblins usando a “voz” (no melhor estilo fus ro dah). O meu anão era exatamente isso ai, um cronista, diplomata e aventureiro, mas ele nunca gostou muito de lutar (apesar de ser um bom combatente), sempre preferindo negociar antes de lutar. Uma peculiaridade dele é que diferente da maioria dos anões, o Mormund sempre julga os outros por seus atos e não pela raça ou família. Isso gerou umas coisas bem interessantes, como ele ter um ogro “henchman” conhecido como Blorbs. Isso porque ele convenceu o gigante que daria uma vaca, dois barris de cerveja e uma parte justa no tesouro se ele se unisse ao grupo num saque ao Castelo Greyhawk. Mas os feitos mais impactantes do meu anão em questão de diplomacia foi ter conseguido convencer o Belegar Martelo de Ferro e o Skarnisk a se aliarem contra os skavens do clã Moors liderados pelo Queek, que tinham feito uma aliança com Drazhoath, o dwur-ghar bruxo-sacerdote de Ladughar e chefe da fortaleza de Ghar-Zurgruud, e de Shi'nstra Tor’Anir, Matriarca da Casa Tor’Anir e 3º em comando de Erelhei-Cinlu, a maior cidade drow de Flanaess. Além disso, o Mormund convenceu o Ungrin Punho de Pedra a abandonar Karak Kadrin junto de seu povo e para ir ao sul ajudar no cerco que Karak Angrund estava sofrendo nas mãos dos drows, skavens e dwur-ghar. O bom é que no caminho conseguimos alistar a ajuda do ex-mercenário e agora rei ogro Golgfag Come-Gente, cujo o Blorbs agora era capitão do rei ogro.
Teve outros anões bardos, mas além do Mormund, a que mais teve destaque foi a Frigga Quebra-Rochas. Que era companheira da Selwyna e do Arlland e que fugiu da fortaleza dela para não precisar se casar com um anão de outro clã. O engraçado é que ela veio a conhecer o noivo durante as aventuras, o anão guerreiro Durvin Forja-Ferro. E os dois se apaixonaram e se casaram no final, hahahahaha)
Como de costume, ignoras a tenacidade e força dos Filhos de Moradin, demônio. Por milênios, seus servos tentaram destruir o Reino sob a Montanha, e nunca obtiveram sucesso. Suas horas nefastas estão fadadas a romper e se espatifar diante dos Portões dos Antigos por toda eternidade!
Excluir(Obrigado por compartilhar novamente o bardo variante de Monte Cook. Não me lembrava de onde ele havia saído, mas já estou fazendo a atualização no post. No caso, concordo com vocês que é insensato adaptar todas as classes a todas as raças, além de ser realmente desnecessário. Minhas concessões nesse sentido foram onde achei que a classe dentro de determinada raça seria diferente demais para ser bem representada da forma como aparecia no Livro do Jogador; Os dois únicos casos foram os paladinos elfos e anões e os anões bardos. Mesmo assim, por considerar a simplicidade um fator importante, mexi apenas onde seria crucial, como fiz aqui. E quando desejamos algo melhor e mais bem elaborado, podemos recorrer a esse tipo de classe variante, como você apresentou aqui.
Acho que já disse isso antes, mas Mormund provavelmente é o personagem de sua mesa do qual mais gosto. Ele representa muito bem aquilo que imagino em um bardo anão, e cheio muito interessante a forma como ele fez uso de seu carisma e diplomacia para conseguir trazer um ogro para o lado dos mocinhos. Sobre Frigga, essa é uma história que eu também gostaria de ler um dia; uma anã "rebelde" que foge para não se casar com um estranho e no fim se aventura, encontra o estranho, se apaixona por ele e por fim, se casa. É o tipo de história que minha esposa iria gostar!)
Muito interessante sua abordagem Senhor dos Ventos. Na minha opinião, o bardo é uma classe bem desafiadora de se adaptar. Eu costumo escantear a mecânica do bardo por causa disso.
ResponderExcluirGrato pelo cumprimento, nobre Sonhador. Realmente, o bardo não é uma classe fácil de se adaptar. Mas como julguei que os anões mereciam um trovador que melhor representasse sua cultura, trabalhei um pouco essa questão.
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